Depressão e obesidade: uma via de mão dupla

Como uma pode acarretar a outra e por que um tratamento multidisciplinar é o mais indicado para resultados eficazes.

A saúde mental que por muito tempo foi estigmatizada passou a ser uma grande preocupação em 2020 em que um grande número de pessoas ficou em casa por conta da pandemia. O tema chegou a bater recorde em buscas no Google no ano passado.

 

Dentre os transtornos causados à saúde mental temos um bem conhecido: a depressão. Antes de falarmos sobre a relação desta doença com a obesidade é importante diferenciar a tristeza que pode ocorrer em momentos difíceis como a pandemia ou outras situações, como a perda de um ente querido. A depressão é uma sensação permanente de vazio e melancolia.

 

Dito isto, vamos agora falar um pouco sobre a obesidade.

 

O que é obesidade?

 

A obesidade é considerada o excesso de gordura acumulada no corpo, em uma quantidade que configure riscos à saúde. Vale lembrar que o ganho de peso ocorre quando o consumo calórico é maior que o gasto diário. Se esse comportamento é recorrente há um aumento do IMC (Índice de Massa Corporal). Valor é obtido pela divisão do peso pela altura ao quadrado. Sendo assim, uma pessoa é considerada obesa quando o índice é igual ou superior a 30kg/m2.

 

Existem diversos fatores que podem favorecer as chances da pessoa se tornar obesa. Dentre elas estão: má alimentação, sedentarismo, genética, problemas neurológicos. Transtornos psicológicos também podem influenciar como é o caso da depressão.

 

Por que a depressão pode levar à obesidade?

 

A depressão promove interferências químicas no cérebro em resposta ao estresse causado. Esse movimento acaba alterando as células de gordura levando ao aumento de peso.

 

Somado a isto, os medicamentos antidepressivos podem provocar efeitos adversos no organismo podendo acarretar um quadro de obesidade. Os antidepressivos do tipo tricíclico atuam no aumento dos níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina no cérebro. Embora regule o humor, o sono e o apetite, podem seguir a um nível acima e fazer com que ocorra aumento do apetite.

 

Da obesidade à depressão

 

O caminho inverso também ocorre. Pacientes obesos podem desenvolver depressão. Os gatilhos são diversos na vivência em sociedade, seja pela falta de assentos adequados, disponibilidade de roupas em tamanhos maiores, ou então muitas vezes pela mobilidade que fica comprometida. Fatos que podem desencadear sentimento de vergonha, o que afasta aos poucos a pessoa do seu círculo social e de trabalho, ocasionando baixa autoestima. Um caminho para a depressão.

 

Entretanto, é importante frisar que nem todo obeso desenvolverá depressão e nem todo depressivo se tornará uma pessoa obesa. Mas são fatores de risco, com grande possibilidade de caminharem juntos. Por isso o assunto merece atenção!

 

Muitas vezes um acaba puxando o outro e não se consegue uma resposta eficaz a um tratamento. Portanto um paciente obeso deprimido necessita do controle de ambos. Visto que a evolução da perda de peso pode ficar comprometida por um aspecto psicológico.

 

Procure ajuda caso identifique esses sinais alarmantes e dê preferência a um tratamento multidisciplinar, a fim de que haja harmonia entre a saúde física e mental.